Nunca amei tanto o silêncio como tenho amado.

Porque ele desnuda nossas almas, sonda nossos segredos

e não permite que permaneçamos à superfície da realidade.

E, a realidade somos nós. Nela mergulhamos fundo...

como folhas que caem e dançam

até tocar toda a imensidão do mar da vida.

No silêncio - hiante - desvendamos nossos pra dentro,

à tênue luz de nós dois.

E nos deixamos levar, explodindo

em fagulhas e faíscas interiores,

com a eloquência postergada do inarticulado por milênios.

Sim, nunca amei tanto o Silêncio como tenho amado.

O silêncio vestido de caxemira cinza, escuro, azul, anil, violeta,

o silêncio de elegantes laços e fitas, de enfeites,

de longas pregas de sorrisos e beijos com fome de luz...

O silêncio  das reticências, do uno respirar...

O silêncio, misterioso de segredos, o silêncio de só nós dois...