MEU EU, MINHA ALMA
Alma minha, por que te afliges?
Sabes bem que é inseguro
O caminho que trilhastes...
Tens a conta das lágrimas que já choraste...
Por que deixas que seja assim?
Nunca o amor te encontrou
E quando o vislumbras,
Sempre ao longe,
Ele nunca se achega...
Pois que sendo
Como és
Não te deixar ver de todo
Ninguém nunca soube da ânsia tua
Em libertar-se
Ninguém, absolutamente ninguém
Conseguiu ver de ti
O que verdadeiramente és
Ninguém se apossou do teu sentimento
Ninguém te sentiu
Ninguém
Nada
Nem ninguém o fará
Posto que seu destino
É ser uma alma errante
E solitária
Sem amor
Sem amar
Sem nada
Sim, erraste muito na procura
Um erro amplo
Que te aprisiona
Nessa solidão sem fim
Onde querias amor
Apenas o mundano
O encontro de corpos
Num átimo de tempo
E mais nada
Nada te trouxe
Mas muito te levou
Há quem te chame
Devassa
Insana
Palhaça
Ninguém te sabe
Nem o fará
Assim seguirás
Pela vida afora
Sem que tenham te conhecido
Mas te tenham julgado
Condenado
Rotulado
Alma minha
Não te aflijas mais
Segue serena
Teu caminho de solidão
E mais nada.