CORAÇÃO PÁSSARO TRISTE
O canário amanhecido dobra o canto.
Ilumina o dia no nascedouro.
O agudo trinado é um sol lavrado
dentro de mim.
Retinem na saudade quase moribunda
o inconfessável e suas reticências.
O canto é sempre agridoce
ao se falar de ausências.
Pertinem palavras, atos e fatos.
A voz do poema lírico
pervive: é um pássaro triste.
Ainda que o pássaro já se tenha alçado
reluz o recantar sobre as cordas vocais.
O voo da palavra Amor é o sinete
denunciador dos perdidos ais.
E a cruz do canto tatua o coração.
– Do livro BULA DE REMÉDIO. Porto Alegre: Caravela, 2011, p. 45.
http://www.recantodasletras.com.br/poesiasdeamor/815831