Amor (ou uma tentativa dele)

Ar pesado como você

a senhorita sem formas,

tua presença fantasma

me incomoda quanto afagos,

pois afagos são passageiros

e o amor prometido mentiu eterno.

Respiro nublagem de almas alegres

mas aí que se reside o mal:

asfixia nos meus olhos tristes,

a indiferença vigia o outono.

Amor, consciência polissêmica

remexida no palato de outrem,

que nem a voz unívoca, divina

presa nas catedrais

pode libertar essa língua.

São feitos os corpos de carne

amalgamados por paixão,

cândidos são desejos de

casar as almas,

mas angústias são objetivas.

Algumas solidões eternas podem matar…

Andei com a imaginação

onde lá havia frutos.

Um dia (sem saber)

prepararei o cadáver

a corroer em chagas

a maçã podre de meu amor.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 10/09/2024
Código do texto: T8148622
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