Amor (ou uma tentativa dele)
Ar pesado como você
a senhorita sem formas,
tua presença fantasma
me incomoda quanto afagos,
pois afagos são passageiros
e o amor prometido mentiu eterno.
Respiro nublagem de almas alegres
mas aí que se reside o mal:
asfixia nos meus olhos tristes,
a indiferença vigia o outono.
Amor, consciência polissêmica
remexida no palato de outrem,
que nem a voz unívoca, divina
presa nas catedrais
pode libertar essa língua.
São feitos os corpos de carne
amalgamados por paixão,
cândidos são desejos de
casar as almas,
mas angústias são objetivas.
Algumas solidões eternas podem matar…
Andei com a imaginação
onde lá havia frutos.
Um dia (sem saber)
prepararei o cadáver
a corroer em chagas
a maçã podre de meu amor.