ÊXTASE DA ALMA
À meia luz, o quarto envolto em magia,
Ao som dos acordes de uma suave melodia,
Do teu corpo, desenhava-se a silhueta...
Qual convite trazido por angelical estafeta,
A fria noite nos dava o ambiente propício
A que, do amor, se instaurasse o exercício.
As minhas mãos tomaram cada pedaço de ti,
Em suave passeio, a deixar-te fora de si,
Sem que seguissem uma direção determinada...
Com um toque eletrizante como não há nada,
Fiz, da rainha do amor, a musa do meu verso,
Que sussurrei aos teus ouvidos, em emoção imerso.
A força contagiante dessa improvisada poesia,
De cada carícia minha, em tua pele, fazia
Uma flor que se abrisse, a provocar em mim
A sensação de cuidar-te, como de um jardim
Em que se concentrasse toda beleza já sonhada,
Em que, pétala a pétala, de prazer fosse regada.
Estas mãos moviam-se como se, então, compusessem,
No corpo da mulher amada, poemas que enternecem,
Para formar, do amor, um encantado relicário,
Onde, o que é real, mistura-se ao imaginário...
E, já que em nós, amor e poesia caminham lado a lado,
Deles se faz o êxtase da alma, num florescer jamais sonhado.