Imerso nos Devaneios Noturnos
Estava imerso nos meus devaneios noturnos, navegando pelas correntezas do pensamento onde as fronteiras entre realidade e sonho se dissolvem. Dessa vez, meu foco era o amor.
Tentava, sem sucesso, classificá-lo, torná-lo sólido, palpável. Queria capturar sua essência, saber seu peso, sua forma, sua cor, seu cheiro, seu início, meio e fim. Deixá-lo o mais concreto possível, mais real.
Cheguei a uma satisfatória conclusão: o amor é líquido.
Não como proposto Bauman mas literalmente, como um fluido que se adapta, que se molda aos contornos do coração que o abriga. Flui suavemente como o rio que serpenteia pela paisagem, buscando seu caminho por entre os obstáculos da vida. Não se define por linhas retas ou ângulos precisos, mas por curvas suaves e caminhos sinuosos que surpreendem a cada curva.
O amor não é algo estático que se pode segurar com mãos ávidas, mas algo que se sente na temperatura da pele ao toque do ser amado. É a cor que se reflete nos olhos quando se olha profundamente para dentro de outro ser humano. É o aroma que permeia o ar quando dois corações se aproximam, e o sabor que se experimenta nos beijos do ser amado.
Sua fluidez não o torna menos tangível, mas sim mais capaz de se adaptar aos momentos, aos humores, aos desafios. É capaz de transbordar em risos compartilhados e lágrimas derramadas em solidão. O amor não conhece limites rígidos, pois é no seu movimento constante que encontra sua força e beleza.
Assim, em meio aos meus devaneios noturnos, percebo que tentar aprisionar o amor em definições estáticas é negar-lhe sua verdadeira natureza. Ele é fluido, é dinâmico, é tão vasto quanto o universo e tão delicado quanto uma gota de orvalho ao amanhecer.
No fim das contas, o amor é o que sentimos quando somos tocados pela magia de conectar nossas almas com outra pessoa, quando nos permitimos ser transformados por essa dança eterna entre o eu e o outro, ou o outro eu