TABERNÁCULO DA NOITE (BEATRIZ)
Minha inspiração única,
Transbordante quanto às perfumarias,
E inebriantes quanto os raios do sol,
E penetrável, quanto o bálsamo,
São as tuas ações indecifráveis,
Dos quais perco-me por inteiro.
E quanto mais eu escrevo sobre ti,
Musa que torna-me os dias deslumbrantes,
Aquela que de tão oculta se faz vida,
Beatriz, a face da sublimidade soberana,
Eu mergulho incansavelmente em mim mesmo.
Pois, cego, lancei-me ao infinito onde habitas e,
Nunca soube, por ocasião, se nascia, ou se morria!
Porque despertas-me de um sono profundo,
E do Tártaro, tento erguer-me e sair.
Contigo, segurando espiritualmente tuas mãos,
Com a promessa de nunca olhar para trás.
Minha consciência diz que enfeiticei-me ao seus olhos,
Vindo a ter minha alma consumida, revelando a ela,
A imensidão do teu poder, assim, passando a enxergar,
O quão difícil é-me desviar totalmente do que vem a ser,
Intangível, mas o caminho a levar-me para além,
Dos muros de um templo invisível: TEU CREDO!
Como sois um vinho consagrado,
Que porventura, é a elegância da virtude humana.
De certa maneira, também, a visão cósmica,
Intrigante, de experiências epifânicas gregas.
No qual tantas mitologias se perpetuam,
E diante da sua personalidade, mesmo que longínquo,
Não quero aquietar-me em tua mudez,
Todavia, absorto em seus sussurros,
Sentindo em meio a um afago simples,
A devolução da minha inteireza,
Conquanto seja complexo, demasiado isso,
Vindo que, sou vulnerável a suas aspirações,
Quando encontro-te, o tabernáculo da noite,
A luz ao fim do dia, o simbolismo dos tempos antigos,
As laudes e as vésperas do Santo Ofício,
Em suma, o vestígio da criação.
Poema n.3.094/ n.65 de 2024.
BEATRIZ NA SUA ESSÊNCIA