Denegado
A quem dedicamos amor,
Nos toma e não se explica,
Que amor também dedica,
E não se torna um favor.
E com zelo se entrega,
Bela flor do doce beijo,
O que nos volta é o sobejo,
Da boca que outro esfrega.
O amor tem uma janela,
Por onde entra o desejo,
É a figura no azulejo,
Da fera que se fez bela.
Nos olhos de quem dedico,
Horas dos meus pensamentos,
Eternos sonhos ciumentos,
Partirei e não te explico.
Pois paixão é uma porta estreita;
Melhor solidão na vida,
Que uma espera perdida,
Que um amor sempre à espreita.