Manhã de outono
Há algo nas manhãs de outono,
Quando a névoa abraça as árvores,
No modo como a bruma se dissipa lentamente,
Revelando o brilho suave do dia que se inicia
É como o teu sorriso,
Que, mesmo escondido por trás de palavras,
Sempre encontra uma maneira de me iluminar
Observo as folhas que caem,
Girando em seu caminho silencioso até o chão.
Elas lembram as tuas mãos,
Que, mesmo quando se afastam,
Deixam marcas leves, quase imperceptíveis,
Mas que o vento da memória não consegue varrer.
E o rio, que corre pacientemente entre as pedras,
Sussurra segredos que só a natureza entende.
Ele segue seu curso, contornando obstáculos,
Como se soubesse que o destino é inevitável,
E em cada curva, vejo o traço de tua presença,
Sempre ali, sempre fluindo, surpreendendo,
Mesmo quando não posso tocar.
Quando a noite cai e o céu se cobre de estrelas,
Encontro-me a olhar o espaço imenso,
Onde cada ponto de luz, distante e inacessível,
Faz-me lembrar o que está além do que os olhos veem,
mas que o coração insiste em sentir.
Olho para as montanhas à distância,
E sinto um convite para abraçar a constância e a paciência,
E embora não as alcance,
Sinto-as como sinto a ti,
Sempre presente, sempre ali,
Nos detalhes daquilo que não se diz,
Enfim, suspiro
E percebo a grandeza da natureza
E nela vejo o reflexo
Do amor que está sendo construído
Pelas mesmas mãos que arquitetaram o universo