Chover para cima

É tão claustrofóbico

Ser observado por você

Cada passo meu é pesado

A ponto de afundar profundamente

Na terra, meu ar expirado cai feito

Gelo castigado por gravidade

Meu corpo se apequena e aquieta

Virando estátua tímida sob

Sua ótica cheia de pressão

Petrificando com o calor

De seu olhar observador

Luz de sol não intencionalmente

Opressor

No seu sumiço, a noite se instaura

Tudo se torna mais leve

Começo a me levantar

Levitar, flutuar, chegando a voar

Meus dizeres sobem igual

Pássaros levantando voo

Eles se sentem tão livres quando

Me reconforto em minha própria

Companhia

E a água das coisas

Tão medrosa na sua presença

É transpirada, assumindo aspecto

De chuva caindo pra cima

Minhas frases apaixonadas

Se refletem nas gotas, reverberando

Pelo recinto, inflando meu coração

Balão de festa, pronto para estourar

De paixão

Apesar do conforto no frio da minha solidão

Sinto ocasional falta de seu olhar

Carregado de gravidade

Para voltar a ser teu petrificado

Prisioneiro

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 20/08/2024
Código do texto: T8133389
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