Jorge IV

Ao único que nessa vida amei

Desejo-te um reencontro cordial

Para lembrar de nossa antiga paixão carnal

Na rua da frente

Nos esgueirávamos com torpor

Para rir e falar o que o coração sente

E na frente de todos engana e mente

Matava-me todos os dias a solidão a teu lado

Oposto de todo o dito e planejado

A dor das picadas de um imenso vespeiro

Nos veríamos da Paraíba ao Rio de Janeiro

João Pessoa e Campina Grande

As responsáveis pelo roubo de meu amante

Rima rica, presente dos céus reis

Tua presença assim se fez

Meu rosto é fino e choroso

Seu notável sumiço até jocoso

O dia primeiro há de renascer

Largar toda a Paraíba

E totalmente esquecer

Implorar por perdão sob meus pés

Unindo-nos tez com tez

Para voltar ao topo das falésias

Para fazer declarações de amor

Para devolver aroma à alma flor

A mulher que o mundo teme

Apequena-se lentamente

Tão doloroso que até geme

A disputa de quem devorará o outro

Primeiro o corpo, depois a mente

A mulher que o mundo um dia temeu

Apaixonou-se e tudo perdeu

Em seus lindos olhos de pequeno mentiroso

Aqui jaz um homem encantador

Volte e acabe com meu temor