Brisa Fantasmagórica
Teus escuros lábios
Perpassam escura e densa
Realidade na qual estou inserido
Sem anunciar chegada, eles se abriram
Para deixar escapar sigiloso conteúdo
A brisa gelada, baforada
Cristalizou-se sobre minha pele
Roubando todo o calor
E, por osmose, minha estabilidade
Eriçou meus cabelos e emoções
Moça fantasmagórica
Não sei teu nome
Tua forma, tua intenção comigo
Nem sei se você existe
Porque o que você provocou em mim
Não é natural de um humano
Muito menos um vivo
Pois apenas com
O que é dado como
Defunto, oculto, moribundo
Frio, vazio, desprovido
Você tirou meus olhos do
Enfadonho e repetitivo
Fazendo minha atenção voltar
Para o intrigante, aquilo soterrado
Abaixo do plano dos vivos
E no mais grosseiro
Dos paradoxos
Meu coração, tão vitimado
Por vários invernos intermináveis
Sentiu o primeiro gostinho
Do sopro do verão