Brisa Fantasmagórica

Teus escuros lábios

Perpassam escura e densa

Realidade na qual estou inserido

Sem anunciar chegada, eles se abriram

Para deixar escapar sigiloso conteúdo

A brisa gelada, baforada

Cristalizou-se sobre minha pele

Roubando todo o calor

E, por osmose, minha estabilidade

Eriçou meus cabelos e emoções

Moça fantasmagórica

Não sei teu nome

Tua forma, tua intenção comigo

Nem sei se você existe

Porque o que você provocou em mim

Não é natural de um humano

Muito menos um vivo

Pois apenas com

O que é dado como

Defunto, oculto, moribundo

Frio, vazio, desprovido

Você tirou meus olhos do

Enfadonho e repetitivo

Fazendo minha atenção voltar

Para o intrigante, aquilo soterrado

Abaixo do plano dos vivos

E no mais grosseiro

Dos paradoxos

Meu coração, tão vitimado

Por vários invernos intermináveis

Sentiu o primeiro gostinho

Do sopro do verão

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 17/08/2024
Código do texto: T8131192
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