Você encontrou um corvo ensanguentado
Lembro voar sobre os ventos dourados,
Quentes como mares abaianados,
Enquanto voava longe daquele castelo arruinado,
Perdi todo o meu tato.
Os dourados desapareceram misteriosamente,
Deixando-me em crime na mente,
Me vi perdido, Me vi caindo,
Ao solo fui brandindo.
Me vi em mãos gentis,
Longe de histórias vis,
Fui acalentado por teu toque,
Foi afastando toda morte.
Me segurou, mesmo ensanguentado,
Não se importou com o sangue amaldiçoado,
Nem importou o quão ferido estava,
Por isso eu te amava.
E ainda amo,
Do teu toque delicado,
Me sentido encantado,
E como eu te chamo.
Eu sou um corvo, filho dos fins,
Nem se importou de onde eu vim,
Nem todos os meus afins,
E para ti, eu vim.
E me veio também,
Sobre abraço delicado,
Não te troco por ninguém,
És o meu amado.
Mas, esse corvo ainda está machucado,
Aprendendo o significado de amar,
Tentando (se) cuidar,
Sem querer (te) machucar.
O Rei Corvo fugiu do deserto,
De certo não em suas melhores formas,
Formado por rótulos e opiniões,
Fugiu de incertas canções.
Agora, o dourado do destino me surpreende,
Enquanto Deus move o destino, me entende,
Colocou o dourado do futuro, ao sol,
Navalhou meu destino igual cerol.
Encontraste um corvo ensanguentado,
Ferido e abandonado,
Devidamente cansado,
Totalmente mal-amado.
Com cuidado, me segurou,
Não teve medo e nem ele voou,
Aceitou e me aceita,
Me descansa, me deita.
O dourado só se mostra carinhosamente,
Quando o sol bate nos teus olhos castanhos,
Me dão arrepios, sentimentos estranhos,
Estamos construindo o destino, calmamente.
É um agradecimento,
É um juramento,
Mesmo errando eu tento,
Amar, te amo, as vezes sou desatento.
Não me canso dessa dança,
Desse carinho aos tapetes,
Me trazendo sentimento de criança,
Boca doce igual mil sorvetes.
Encontrou um corvo ensanguentado,
Que agora se sente amado,
Mesmo todo machucado,
Eu amo o seu cuidado.