A PRIVILEGIADA (BEATRIZ)

Recordar-te significa transfigurar a sensação,

Inquieta do meu despertar sombrio,

Para a alegria das estrelas refulgentes,

Que vejo quando teu rosto me nutri.

Sois a escarlate do entardecer,

No qual contemplo na varanda de um poema,

Tendo-te como a privilegiada viajando no tempo,

Ou no mar, montada num dos cavalos marinhos.

Estes que Poseidon envia a ti,

Como manifestação de seu esplendor.

E nisso, trazes as gotas de orvalho que cai na terra,

Onde o seu olhar misterioso é capaz de atraí-me,

Sem que eu peça, e acabando por não devolver-me a respiração.

Entranhado em minha alma, Bia, estais!

Constantemente a inspirar-me novamente,

Mesmo que eu anseie por motivos somente meus,

A afastar-me inteiramente, para não mergulhar na incerteza.

As lágrimas das rosas são um doce alimento,

E vejo-me como Orfeu, encostado numa árvore,

Admirando-te num belo jardim, onde a grama verde,

Suspira inocentemente com o som do meu recital,

E das composições poéticas, juntamente com a harpa dourada.

Sim, ele ainda vive com Eurídice,

Como sobrevivo com tua verdade,

Mostrando-me o quanto posso ser,

Os verbetes que conduz a própria arte.

Porque tudo o quanto refletes em mim,

De certa maneira, é absolutamente mortal!

Mas que a cada dia, ao beber da fonte: “você”,

Torno-me em meu íntimo secreto, imortal.

A possibilidade hipotética,

Faz-me perceber que pousaste,

Indelevelmente, como um pássaro,

Sobre os meus ombros, para enfim,

Pedir que declame pela última vez.

Assim, com tudo, à qual dediquei-me,

Compreendi as indulgências de meu coração,

Pela bondade do seu e, cobrir-me de tua luz.

Poema n.3.092/ n.63 de 2024.

BEATRIZ NA SUA ESSÊNCIA

Ricardo Oliveira (Poeta e Escritor)
Enviado por Ricardo Oliveira (Poeta e Escritor) em 16/08/2024
Código do texto: T8130023
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