Ode a Ruptura
Eu te vejo andando só,
esbarrando pelas vielas só,
se pendurando em muros sol,
por aí,
com seu enfado,
seu cansaço,
sua verdade.
Eu penso nos porquês
e nos vieses das questões.
Penso em todas as partidas,
a partir daí:
meu trabalho, meu emprego,
meu estudo, meu aluguel,
meu nada e meu faz de conta.
Vou viajar,
deixar tudo pra lá.
Quero um fim,
um recomeço,
um copo d'água,
um prato vazio,
uma refeição.
Um triste a chorar por mim,
um deus compassivo
e um interventor,
um pessoal salvador.
Nas esquinas, tudo é neon,
são luzes retorcidas,
são crianças feridas,
são despachos de esquinas.
Quero mergulhar na noite,
uma urtiga necromante,
uma psicodelia infernal.
Vorazes interlocutores,
uma notícia sensacional.
Vou ficar à própria sorte,
torcer contra o time da casa,
um gol no fim da partida.
Vou jogar agulhas no palheiro,
zelar o sono moribundo.
Vou ser a serpente do jardim,
dar um bote no querubim,
açoitar no templo
as santas pombas de mercadoria,
atear lareira ao inferno, e
vou chorar por você
em uma novela de tevê.