DIA DOS PAIS

Este texto foi feito para o meu pai, o velho Napoleão Machado, que partiu da vida num fim de tarde, fumando um cigarro e deixando cheio e intocável um copo de caipirinha, daquelas que só ele sabia fazer...!

Foi de repente...... Legou como, única, herança uma saudade imensa no coração dos seus filhos e de seus amigos.

A mim, então, deixou uma cicatriz profunda no meu coração e lições enormes de bondade, de amizade, de simplicidade, de humildade e acima de tudo de aceitação da felicidade e da tristeza, como as duas faces de uma mesma moeda.....!

Deixou-me, também, muitos ensinamentos transmitidos em longos silêncios...!

Com estas palavras e com este poema eu tenho homenageado e continuarei homenageando, no decorrer do tempo, a todos os pais que estão por aqui e os que já partiram, especialmente aqueles que são, no dizer de Martin Fierro:

“Un padre que da consejos, mas de que um padre és un amigo...”

ALUCINAÇÃO

Às vezes,

Fico a olhar velhas cabeças

Que de tão brancas me parecem alvas.

Que se perdem,

Pelas ruas,

Entre as pessoas...!

Me invadem, então,

Uma ilusão e um sonho:

Louca ilusão, acalantado sonho....

Como loucas são todas as ilusões

E como,acalantados são, os sonhos todos,

de que uma destas cabeça.

Que por tão brancas me parecem alvas.

Se volte para mim,

E que sejas tu, velho paisano,

E que num sorriso, mesmo que fugaz...

E que numa palavra mesmo, que única...

Me digas por que te fostes, assim tão de repente

Sem te despedir – me apertando a mão

E, sem ao menos, me dar a benção- derradeira...

30/11/2019

ERNER MACHADO
Enviado por ERNER MACHADO em 11/08/2024
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