SOBRE O AMOR
Amor, vírus que nas caladas vagueia;
Tenebroso inimigo atrás da porta;
Ilusório qual cantiga de sereia;
Que noz faz coração tolo e alma morta.
Desnorteia a quem os seus caminhos anda;
E naufraga a quem seus mares se entrega;
Traz quem ama a bobear numa ciranda;
E ao incauto sonhador tudo relega.
Por acaso o coração fosse de aço
Ou quem sabe nem existisse um no peito
O amor não agiria tão madraço
Tão satírico, mesquinho e sem respeito
É assim quem ama e segue seu caminho
A mitigar a ilusão e o dissabor
Coração a lamentar falso carinho
Contaminado nesse vírus que é o amor.