Um poeta anônimo

mas tão presente

Parece que pressente

os meus momentos mais difíceis 

Dias tristes, os meus

escreve poemas de amor

E dor

Escreveu o poeta:

E o amor transforma o eterno em nunca mais

versos tristes

que me alegram

um paradoxo

trazem um afeto distante

que me afetam

Eu não sou mais o mesmo sem você

disse o poeta em outro poema

Todos os dias a perguntar 

Ana, você está bem?

Ele sabe que nunca estou bem

E envia um poema

Eu não sei quem é 

É um poeta, isso é sabido

versos com tanto sentimento 

para ti, Ana

Diz o escritor

Parece prazeroso afeto anônimo

é a dança do antônimo 

Na rotina, mensagens rápidas

Pálidas 

mecânicas 

Olá, está bem?

tão assim, sem querer saber

Conversas assim, as do poeta

lembram cartas

A espera, a surpresa

sem pressa, talvez pelo formato

Um pouco triste o anonimato

não saber quem é

de todo modo

para dias manchados

desalmados

Um modo onírico de sentir

um espaço no tempo escasso

um acalanto 

mergulhada no pranto

entonar um canto

inspirada um tanto

agradeço a poesia

Na prosa do meu dia