Noite de lua minguante
à míngua está Bárbara
na rebarba do tempo
Ela rodopia
gira seu vestido branco
num tom de veludo, seu canto
Bárbara não segura o pranto
canceriana
À luz da meia lua
cor da lua, seu cabelo prata
Ela deixa minguar a tristeza
Na frieza desses tempos
Rude tempo
Bárbara se lança
Sua dança é única
corpo solto
exposto
barriga de fora
Bárbara chora
mas quando sorri
Ao mundo, sorry
Batom vermelho
num lânguido desejo, um espelho
É Bárbara
Feiticeira
aranha armadeira
uivo na floresta
amante de festa
Na fresta, Bárbara observa
em seu quarto, seus crochês
seus tarôs na estante
sangue estanque
No emaranhado de fios
entre baralhos ciganos
Bárbara se recolhe
Mas nada tolhe
a gira dessa mulher
A lua é testemunha
da alma livre
que sempre vive
Ela é
bárbara
Do princípio ao fim