Dora

Na meia noite do agora

Na hora que me incendeia

Ferve fogo em minha veia

Tudo, e tudo me apavora

Ouço o grito da incerteza

Óh legítima alteza

Como ei de viver senhora

Vivo, vivo nunca estive

Mas como é que se vive

Assim sem ti, como outrora

Meu coração que te namora

Verte o sangue do abandono

Como um rei que não tem trono

Como um relógio sem hora

Meu peito lamenta e chora

Profundamente e tristonho

Ah como queria que fosse um sonho

Um pesadelo que vai-se embora

Sofro, sofro e só piora

Nada passa nem melhora

Só me resta então chorar

Em meu peito o que mora

É a saudade de Dora

Que não quer se mudar

Vive, vive me iludindo

Me fazendo crer que está vindo

Mas ela nunca vai chegar

Morro, morro como a flora

Sem as flores nem a amora

Que me fazem perfumar

Só me resta sem demora

Crer que chegue logo a aurora

E me põe a descansar

Pois me cansei de ficar esperando

Alguém que não sei por onde está andando

E talvez nunca vá voltar

Derramo a água inodora

Deito-me bem aqui fora

Espero minha morte chegar

Chega, chega morte sucinta

Pois nada mais que eu sinta

Pode me acalentar

Só a saudade de Dora

Que ao meu peito tanto aflora

E me faz então chorar

Óh como meu coração te adora

Adora e ama tanto e tanto

Que só derramo meu pranto

E por ti, minha lágrima rola

Ah meu peito tanto implora

Santo, santo, nossa senhora

Como ei de viver sem ti?

Como a caixa de pandora

Declamo eu, mas ora

Nas mil pragas que contraí

Destas pragas a pior

É derramar o meu suor

Correndo atrás de ti

Cansado que me vejo

Louco por seu doce beijo

Mas sei que não vou conseguir

Só me resta em sofrimento

Deitar-me neste chão de cimento

E esperar meu sono vir

Welerson Recalcatti
Enviado por Welerson Recalcatti em 31/07/2024
Código do texto: T8119186
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