Pedras de âmbar

Tijolos, ladrilhos, janelas,

Em vão percorres, coração

O formoso semblante que procuras

Não se enrijeceu no gesso,

Sobrevive no teu pulsar febril!

As pedras de âmbar que a ti, matreiro,

Revelavam um’alma

Já não espelham nenhum jamboeiro

Por onde andas, meu ditoso algoz?

Em alguma rubra ou enegrecida relva?

Tateando pétalas sanguíneas

Com sua garra de veludo?

Voa então da alma minha que partiste,

E leva consigo, gentil andorinha,

O ardor dos verões que pousou em mim!

Deixa suas asas regelar-me o peito

do pouso breve,

Arranca, qual erva daninha,

Este verdor que germinou em sonhos

Embala em um último canto

O arfar do peito que sem ti suspira

A dor das folhas findo o doce outono...

Pandorahightech
Enviado por Pandorahightech em 30/07/2024
Código do texto: T8118219
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