Pedras de âmbar
Tijolos, ladrilhos, janelas,
Em vão percorres, coração
O formoso semblante que procuras
Não se enrijeceu no gesso,
Sobrevive no teu pulsar febril!
As pedras de âmbar que a ti, matreiro,
Revelavam um’alma
Já não espelham nenhum jamboeiro
Por onde andas, meu ditoso algoz?
Em alguma rubra ou enegrecida relva?
Tateando pétalas sanguíneas
Com sua garra de veludo?
Voa então da alma minha que partiste,
E leva consigo, gentil andorinha,
O ardor dos verões que pousou em mim!
Deixa suas asas regelar-me o peito
do pouso breve,
Arranca, qual erva daninha,
Este verdor que germinou em sonhos
Embala em um último canto
O arfar do peito que sem ti suspira
A dor das folhas findo o doce outono...