O Amor e o Tempo

No teu olhar, em meio a névoa do passado, eu me perco,

Nas lembranças fugidias do amor e nas rosas que ofereço,

Sem preço, sem pressa, sem o tempo o sentimento é recomeço,

É um reencontro sem fantasia, um desencontro sem medo.

Tempo e espaço desaparecendo, revelando a ilusão que me entorpece,

O infinito é obscuro conhecimento diante daquilo que se desconhece,

O começo e o fim de tudo que eu vejo e não vejo, mas sinto e desejo,

Na desconstrução sistemática de verdades absolutas eu me reconheço.

Me reconheço nas novas palavras velhas que meu coração oferece,

Declamando efusivamente poemas sem fim nem começo, mas que não se esquece,

Por que agora sei que o amor vai além do espaço e do tempo, ele permanece,

Em breves e curtos momentos ou eternos e perenes recomeços, se enriquece.

Nos longos caminhos do espaço e do tempo o amor tem o valor que se pede,

Permanece vivo, invisível e silencioso, na sombra fria ou na luz que aquece,

Na incerteza do amanhã que a vida oferece, na certeza do hoje, ele cresce,

Uma chama que nunca se apaga, um sentimento que o coração enaltece.

O amor, no espaço e no tempo, é a poesia que na alma floresce,

Nos versos sussurrados, nas promessas que o coração oferece,

É a verdade que o tempo, por mais que passe, jamais desvanece,

É o eco silencioso de um sonho que a vida tece.