Um dia... eu fui FELIZ...
Um dia, em tua voz doce e profunda,
Olhando fotos de um determinado evento,
Disseste: "Parece uma mocinha!..."
E eu fiquei feliz...
Um dia, de forma distraída,
para uma foto dentre um grupo amigo,
tu colocaste tua mão sobre meu ombro,
tu me abraçaste: corei e estremeci...
E eu fiquei feliz...
Um dia, embalada em teu carinho,
tu me chamaste "Meu Anjo!..."
e, outra vez,
"Meu amor!..." "Minha querida!..."
E eu... fiquei feliz...
Um dia, tu me abraçaste,
havia sol e eu fugi de ti...
Mas fiquei feliz...
No mesmo dia
seguraste minhas mãos
e tornaste a abraçar-me...
teu rosto chegou perto do meu,
tua boca procurou a minha,
eu desviei meus lábios... mas estremeci...
E fiquei feliz...
Um dia, tu me perguntaste
- "E se eu me apaixonar por ti?...
Pois é assim que tudo começa..."-
E eu te respondi:
- "Paixão não quero,
pois a paixão passa!
Eu quero Amor!..." E disse que te amava...
Tu me respondeste:
- "Não digas assim!..."-
Mas naquela dia nos beijamos...
E eu fiquei feliz!...
Ouvi da tua boca "Eu te amo!"
E eu me assustei! Estremeci!...
Vieram mil e uma indagações
E muitos medos de um futuro incerto...
Angústias, conflitos, confusões em mim
Por uma situação estranha e desconhecida
A qual nunca vivi!...
E assustada pelo inusitado
sofri em minh'alma...
Mas fiquei feliz!...
Momentos lindos foram se achegando...
Tu, em minha vida, sempre mais, entrando!
E eu fui feliz!...
De repente, de modo assustador,
Eu percebi
que areia movediça havia em nosso chão...
No barro e lodo fomos envolvidos!
Lá nos jogaram cruéis, ensandecidos,
como "cordeiro em meio a lobos"!...
Decidi
que do atoleiro eu te tiraria
nem que, para isto, eu sucumbiria
ante a força da maldade; os mal-entendidos
se sucederam; incompreendidos
em nosso amor, fomos condenados,
à solidão, à distância e a toda a dor
que o humano ser pode suportar!...
Pois, no mundo cinzento, nós fomos julgados
E para as trevas fomos atirados.
Mas eu não deixaria que, amor, que tu ficasses
para sempre ali aprisionado!
Então eu me afastei de ti!...
E para te salvar desta dor imensa
e deste lugar que é cheio de tormentos
eu voltei às sombras de onde saí!...
Ao fundo da caverna uma loba volta!...
Sem gritos de lamentos, com água nos meus olhos...
De luto me cobri...
E, aparentemente, me afastei de ti!...
No fundo da caverna, enroscada e quieta,
Eu cumpro meu destino e o meu castigo!
Mas eu não lamento! Incompreendida,
Minh'alma não se sente arrependida,
pois, pela primeira vez, em minha vida,
EU FUI FELIZ...
Se fui feliz, o que importa o resto?
Os medos eu já tinha: assumi !...
Quis correr o risco: resultado previsível ! ...
Não é hora de queixas ou lamentos!...
Mas de gratidão em minha solidão...
Tenho saudade, lembranças de momentos
Que posso revivê-los em minha lembrança
A todo instante, em meio a meus tormentos
de indizível solidão e dor!...
Somente eu sou culpada desta situação!
Mas... eu fui feliz!...
VIVI!... E como fui feliz!...
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Minha poesia vai para ti,
sem nenhuma correção;
brotou espontânea do meu coração,
jorrando como cachoeira represada,
ou como áqua por dique aprisionada
que, com sua força, rebenta as muralhas
que são de pedra forte unidas por cimento,
fazendo estragos: mãos ensanguentadas
parecem em torpor, nada sentir!...
Viverei da lembrança deste amor
que nasceu de mansinho, insuspeitado,
que por nenhum de nós foi premeditado:
Chegou... Aconteceu!... Vivi...
E como eu fui feliz!!...
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