Ainda bate um coração!
I
Tornei-me uma fera
Aprisionada. Eterna espera
Que parece sem fim
Prisão feita por mim
Pela corrente das ilusões
Aquilo que tanto se esmera
Revela-se uma quimera
Lábios de vermelho carmim
Boca de um querubim
Que estraçalha os corações!
II
Ela veio; não me encontrou
Não estava. Mas deixou
Um bilhete rabiscado
Num papel dobrado
Que ficou preso à porta:
“Quem veio e não te achou
O coração, aqui, depositou
Peço que devolva-o imaculado
Intacto e bem guardado
O resto, já não importa!”
III
Perdi-me de ti, doce alma
Perdi, toda minha calma
Padeço em demasia
Exaurida foi a alegria
Ficou-me o tormento
Sem seu carinho que acalma
Beijo a beijo, palma a palma
Dia e noite, noite e dia
Por ti, tudo faria
Mas, estou só, no relento
2002