Anjo
Pobre anjo caído, tão desajeitado,
já nasceste ferido pelo pouso forçado
Tua asa partiu-se ao tocar este plano
E condenado foste a ser humano
Em seu exílio buscou algum consolo,
arrastando a alma etérea sem repouso
Sem saber voltar, perdeu-se no caminho
tentando encontrar, nesta escuridão, um ninho
Atravessando lentamente tantos anos,
sem poder alçar voo, o corpo humano
Cansou de seguir sem sentido o desatino
de fingir ser um de nós, o anjo peregrino
Até que um dia, ao cruzar seu olhar
com minha alma que também errava,
sentiu novamente percorrer suas asas
o mesmo ar que um dia lhes permitiu voar