A QUE EVOLA-SE
Repousar-me-eia em tua existência,
Como se não houvesse mais versões de mim,
O que não há, já que sou apenas um só,
E é nesse único ser que guardo-te.
E não posso negar o fato de que,
Vieste para libertar-me inteiramente,
Na sua maneira transbordante,
Fui pego pela conexão que nós temos.
Nossos manuscritos, vinhos e segredos,
Atrelados aos sonhos que vivemos,
Nutri de maneira tão inesperada,
Toda a natureza que compactua conosco.
Diz-me, agora? Como não contemplar-te em veracidade,
Onde o coração do mistério a faz ser a substância de tudo,
Que tem nos meus diversos poemas, mas que somente,
Sois a única, a qual as conhece na sua inteireza?
É impensável, encontrar tanta beleza, vossa alteza,
Minha princesa e israelense, como de fato, também és,
A estrela de David, que lança a sua luz sobre mim, não obstante,
Vejo-te como um anjo reluzente na sua epifania,
Adentrando meu cerne, e dela, fazendo uma moradia eterna.
Nunca deixe ninguém ofuscar-te, pois não enxergam,
O quão esplêndida sois por completo, e o quanto sua sacralidade,
Sendo encoberta, é um “vislumbre perfeito” que há em ti,
Tornando-se o prenúncio de um novo alvorecer, cujo olhar,
Enfeitiças os mais simples dos camponeses a admirar-te.
Suas madeixas transcendem os sabores das uvas,
E os aromas de sua estação predileta, visto que,
Eres a parte rimada da composição, e o insolúvel,
Das cores das magníficas flores de um jardim.
Ah, Beatriz, rogo teu rosto a ventania, e digo-a:
Pode o alabastrino que trajas, ser a pureza da inocência,
E o bálsamo que perfuma as campinas com que possa-se,
Indubitavelmente, vir a se deitar num compasso de uma dança,
E ao mirares os luzeiros, e observares o quanto sou imperfeito,
Descortinarás a minha face, e entenderás como fito-te assim:
“Aquela que evola-se o inexplicável”, e nisso, é que, minha pele vai despindo-se!
Poema n.3.087/ n.58 de 2024.