POEMA PÓSTUMO

Sou o homem oco, do coração vazio;

Sou o poeta cego e surdo das palavras não lidas;

O homem patético do amor impossível;

O poeta suicida da vida enlevada e lírica.

Meus poemas não aninham nos ouvidos da amada,

Meus versos não repousam no coração dela,

As palavras escolhidas não lhe dizem nada

E as letras apenas testemunham minha mazela.

O poeta jaz morto e o homem agoniza

Lendo e relendo os poemas inspirados nela.

Palavras para nada, mas que não saem de mim.

Escrevendo, rendo homenagem ao poeta que fui,

Ao sacrifício que me poupou de ser patético.

Versos póstumos de quem quer ressuscitar.