PATÉTICO
Queria ser ateu para não ter que discutir com Deus
Que me condena pelo pecado de amá-la.
Mas como não me seduzir pelos encantos teus
Se todos os cantos meus tua presença exala.
Nas discussões divinas o que é poético
Não consegue disfarçar minha condição ridícula.
Não sou poeta; sou patético.
Não renegando o amor, resta-me a cicuta.
Sorvendo o veneno que ceifa a vida lírica,
Estanco a sangria dessa paixão proibida;
Desalieno a alma desse amor impossível.
Suicidando-se, o poeta dá fim ao patético.
Viverá o homem oco, vazio, cego e surdo
Para suas próprias palavras de amor.