POESIA PLATÔNICA

De onde me vem esse querer bem,

Por pessoas, diferentes que nunca vi?

Seres com os quais nunca cruzei um olhar

Será isso o acender suave de uma chama,

Desse calor que me arde como nunca senti?

Será uma febre misteriosa a me inflamar?

Ou será que é a revelação de alguém que ama?

Amar é sentir um fogo a consumir!

Visto-me de versos com a alma nua e atônita!

Arranco rimas de tudo o que vejo e desejo...

Faço das palavras aliadas e confidentes!

Vivo de amores ocultos na poesia platônica.

Crio frases indecifráveis num tímido lampejo...

Vacilante e trêmulo eu sigo em frente

Oculto nomes e almas-irmãs que não dormem!

E tento sem sucesso me afastar de ti...

Essa poesia platônica faz de mim um sonhador,

Que se equilibra entre a comédia e o drama!

E se de repente eu deixar tudo, dirão que fugi?

E se destruirem os canteiros e junto minha flor?

Minha poesia seria transformada em lama...

Poesia platônica essa enigmática aliada do amor, não de corpos, mas de almas....