INVERSO AFASTAMENTO

O crepúsculo se precipita, inexorável;

Mais uma triste noite se desenha nos breus.

É tarde, sim, eu sei, e é lastimável,

O fim que se pressagia num triste adeus.

Não haveria a noite sem o dia;

As estrelas cansariam de brilhar, a lua desbotaria.

A existência de um é o sentido de vida do outro,

Que se despedem e se reencontram. Eternamente e só.

E se os caminhos se separam na despedida,

Hei de reencontra-la em mim, noite e dia,

Fiel e furtivo, nas alvoradas e crepúsculos.

Amando-a cada vez mais, num inverso afastamento.

Na fé no onipotente, a resignação.

No arrebol e no ocaso, a esperança.

No momento presente, a inspiração.

No alvorecer e entardecer de todo dia.