Medo domar

Encontro marcado.

Em frente ao mar.

E eu que tenho tanto medo do mar.

Ou, do que irei confrontar quando o outro encontrar?

É a mim? É o outro?

Não aquele, mas este, que já mora em mim e precisará inevitavelmente duelar com o que irá se desvelar quando apenas junto ao mar o encontrar?

Há outro?

Se outro houver, talvez eu não tenha chance alguma de me revelar.

Há algo de indomável em mim.

Quase selvagem.

Impossível apaziguar?

Se o outro soubesse...

Ainda desejaria me encontrar?

E eu que temo tanto a grandeza do mar.

Gota que sou...

Quando o mar encontrar, gota dilui ou tornar-se-á ela própria o grande mar?

E se o outro, aquele outro, a mim, conseguir encontrar?

Perigoso demais encontro em frente ao mar.

É medo do mar? De amar? Domar?

Quase irresponsável, continuo a andar.

E já o avisto. É o outro? Ou o mar?

E este outro? Saberá lidar com o mar revolto que em mim teima habitar?

E eu? Para amar, permitirei me domar?

Isso não! Então, como será?

Apenas olá? Faz calor... como está?

Não! Isso, não saberei suportar.

Sou tão profunda quanto o mar.

Mar... pode você, ser o outro, a minh'alma inundar?

Posso mergulhar. Ficar sem respirar?

Ou, melhor deixar tudo como está?

Devo voltar!

Mas e a ânsia de amar? Do mar? Domar?

Tatiana Maíta
Enviado por Tatiana Maíta em 10/07/2024
Reeditado em 10/07/2024
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