Medo domar
Encontro marcado.
Em frente ao mar.
E eu que tenho tanto medo do mar.
Ou, do que irei confrontar quando o outro encontrar?
É a mim? É o outro?
Não aquele, mas este, que já mora em mim e precisará inevitavelmente duelar com o que irá se desvelar quando apenas junto ao mar o encontrar?
Há outro?
Se outro houver, talvez eu não tenha chance alguma de me revelar.
Há algo de indomável em mim.
Quase selvagem.
Impossível apaziguar?
Se o outro soubesse...
Ainda desejaria me encontrar?
E eu que temo tanto a grandeza do mar.
Gota que sou...
Quando o mar encontrar, gota dilui ou tornar-se-á ela própria o grande mar?
E se o outro, aquele outro, a mim, conseguir encontrar?
Perigoso demais encontro em frente ao mar.
É medo do mar? De amar? Domar?
Quase irresponsável, continuo a andar.
E já o avisto. É o outro? Ou o mar?
E este outro? Saberá lidar com o mar revolto que em mim teima habitar?
E eu? Para amar, permitirei me domar?
Isso não! Então, como será?
Apenas olá? Faz calor... como está?
Não! Isso, não saberei suportar.
Sou tão profunda quanto o mar.
Mar... pode você, ser o outro, a minh'alma inundar?
Posso mergulhar. Ficar sem respirar?
Ou, melhor deixar tudo como está?
Devo voltar!
Mas e a ânsia de amar? Do mar? Domar?