DEPOIS QUE TE CONHECI
Eu não acreditava no céu ou nas estrelas
Nem mesmo tinha prazer em vê-las
Eu não acreditava na lua, luar
Nem mesmo em seu reflexo sobre o mar
Eu não acreditava no mar e suas ondas, seus peixes
Eu não acreditava
Eu não acreditava no vento ou qualquer outro elemento
Eu não acreditava na chuva,
Não acreditava no granito ou mármore
Eu não acreditava nas árvores,
Nos troncos, nas folhas, nos frutos.
Sempre fui rude, brusco, bronco e bruto.
Eu não acreditava em nada, sempre duvidava de tudo.
Eu não acreditava em lagos, rios e cachoeiras
Eu não acreditava na cor tão azulada das geleiras
Nas praias de areia branca,
Nos campos de girassóis,
Não acreditava na música,
Nas notas e seus bemóis.
Eu não acreditava no brilho advindo de um sorriso
Eu não acreditava na doce inocência das crianças
Eu não acreditava no sabor da uva ou vinho tinto
Eu não acreditava sentir o que hoje eu sinto
Depois que eu te conheci
Porque depois que te conheci
Pude perceber as coisas belas do mundo
O colorido do arco-íris,
A música que ainda não fiz
A criança brincando com giz
O sorvete de baunilha sujando o nariz
Pude perceber a brisa suave em meu rosto
A torta de maçã: sua textura, seu gosto
As ondas afundando meus pés na areia
O salto das baleias
O cheiro de chuva,
O sol aquecendo a pele
A leveza da pluma
O verso que impele um abraço aconchegante
Seu toque marcante
O calor da lareira no inverno
Um beijo suave, longo e terno
A maciez do algodão
As cordas do meu violão
Os coloridos de um mar transparente
Um livro, um cobertor, um chocolate quente
As parcas nuvens brancas sob o céu azul
E sob as espumas, seu lindo corpo nu
As flores adornando a primavera
Pude perceber também o nascer de uma nova era
Nesse instante eu morri
Nesse instante eu nasci
Depois que te conheci.
Ctba, 2 de julho de 2024.