Mútua-contemplação

 

Não conheço as águas do Guará,

seus canyons e cachoeiras

se encontram tão distantes.

A alma viageira anseia

pousar em cada seixo

e descobrir os mistérios daquele rio.

 

São como nossos enigmas

aquelas águas.

Translúcidas como o porto

de nossos segredos,

profundas como as folhas

que caem dos plátanos

e formam mosaicos no chão

de nosso aconchego.

 

Que os ventos

que fazem dançar as corredeiras

nos envolvam como um manto

enquanto o rádio toca baixinho

a música do silêncio de nossa almas,

em gênese e mútua-contemplação...