Fricção/Ficção
Já é de praxe te ver
Suas constantes tentativas de me elicitar
Reações indesejadas, resultando em
Aumentos de volume da minha parte
Posturas de suave passivo agressividade
Juras para manter os percursos do meu diário
Caminhar longe da sua alçada
Diminuindo a tangibilidade do seu irritar
Por outro lado, sua caótica companhia
É a que mais perdura em minha mente
Enquanto as pessoas esquecíveis tem suas memórias
Entornadas pra fora de minha mente
Os momentos com sua presença são o que mais
Ocupam o tempo dentro de minha cabeça
Tal qual orquídeas estabelecendo
Relação de parasitismo com estáveis árvores
Estas que nada podem fazer para expulsá-las
Quando afasto meu corpo, desejando distância
Poupando-me do estresse assinado por você
Seu corpo tenta se manter cada vez mais próximo
Como se suas palavras me afastassem
E suas mãos clamassem por mais de mim
Isso me faz criar uma ficção
Daquelas mirabolantes, antes de dormir
Quando deito em minha cama e olho para o escuro teto
De você ao meu lado, deitada comigo
E todas aquelas coisas feitas por você
Tanto os atritos quanto as tentativas de aproximação
Eram esforços para criar pontes
Entre nós
Cultivo esta ficção
Imagino se esta é a verdade
Me pergunto se você
Também me imagina
Deitado ao seu lado