SEMPITERNO
Morrer de amor não é para qualquer um.
Viver de amor não basta só querer.
Ressuscitar por amor a cada dia, primavera sempiterna,
Como trigo debulhado em pão num ciclo eterno.
Saber das desventuras, dos riscos, das incertezas
E ainda assim ultrapassar limites, desobedecer leis,
Contrariar dogmas. Opor-se a tudo e a todos
Que o coração não aprove, que a alma não abençoe.
Distinguir-se dos demais, deixar de ser mais um
Na cumplicidade de quem se lhe tornou único e derradeiro;
Numa atmosfera de amor vital, absoluto, verdadeiro.
Desejar amar além do que pode para poder amar,
E assim viver de amor para morrer de amor,
E voltar a amar. Por toda a vida. Além da morte.