Tantra

Teus olhos gris

e uma chuva cálida de verão

cai no seu rosto devagar.

Chuva fina

de uma tarde azul.

Um tango antigo

soa no fundo

paredes vermelhas

retratos e cinzas.

Metáforas.

Súplicas.

O último adeus do bandolim

atravessa os corredores invisíveis

que choram a partida

de um anjo dentro de mim.

As suas ancas

- bailado frenético -

brisa morna,

o amor ancorado no cais do coração.

Navego ao sabor dos seus delírios

nas vagas entrelinhas

do teu corpo moreno.

Ao vento

escrevo amor

em teus lábios com ternura

e os pássaros partidos

se debruçam nas janelas

beijando-te na boca

das ressacas,

melodias.

Os nós da carne.

Segredos.

A arte submissa,

bússola.

O pólen,

a paixão em brasas.

Teu corpo pardo

habita no meu

entre os lírios em flor

- imensidão que não se acaba -

Duas almas nuas.

Verônica Partinski
Enviado por Verônica Partinski em 09/01/2008
Reeditado em 09/01/2008
Código do texto: T809317
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