Tantra
Teus olhos gris
e uma chuva cálida de verão
cai no seu rosto devagar.
Chuva fina
de uma tarde azul.
Um tango antigo
soa no fundo
paredes vermelhas
retratos e cinzas.
Metáforas.
Súplicas.
O último adeus do bandolim
atravessa os corredores invisíveis
que choram a partida
de um anjo dentro de mim.
As suas ancas
- bailado frenético -
brisa morna,
o amor ancorado no cais do coração.
Navego ao sabor dos seus delírios
nas vagas entrelinhas
do teu corpo moreno.
Ao vento
escrevo amor
em teus lábios com ternura
e os pássaros partidos
se debruçam nas janelas
beijando-te na boca
das ressacas,
melodias.
Os nós da carne.
Segredos.
A arte submissa,
bússola.
O pólen,
a paixão em brasas.
Teu corpo pardo
habita no meu
entre os lírios em flor
- imensidão que não se acaba -
Duas almas nuas.