O NOVO MARINHEIRO VELHO
Um velho marinheiro.
Um profundo conhecedor do mar.
Sua pele queimada de sol, traz rugas.
Seus cabelos ressecados pelo sal, são grisalhos.
Ele e sua embarcação são como uma espécie de centauro,
Tal qual se seu corpo se fundisse com a proa e o timão.
Sua nau também já não reluz como outrora:
Traz as marcas das borrascas,
Mágoas da ira de Poseidon,
Chagas da vaidade de Olucum,
Cicatrizes da fúria do filho de Odin.
Eis que o homem do mar se admira, um dia, com nave moderna,
Mas que também o assusta pelo desconhecido que ela traz.
O mar é o mesmo, mas sem seu velho navio
Ele se sente inseguro como um menino de cueiro.
Porém, diante de seu coração que se agiganta
Ele rasga sua túnica, abrindo o peito.
Lembra do dia em que tudo lhe foi primeira vez
E, incontinenti, lança-se ao desafio do novo.
Afinal, o mar é seu amigo,
E sua alma ainda vibra.
Não há o que temer, lembra:
“Navegar é preciso;
Viver não é preciso”.