Alucinação na Madrugada

Silêncio...É tarde

Todos dormem no edifício

Saio devagar, pego o elevador

Que solitário descansa da lida diária

O ar está quente, muito quente

Sinto uma necesidade imensa

De caminhar ao ar livre

O porteiro me olha meio desconfiado

Ando prá lá e prá cá no pátio vazio

Perdida em meus pensamentos

Um vulto se projeta na parede

Me assusto e grito, algo me mete medo

Que vulto será aquele?

Olho devagar na direção e vejo

Um anjo negro, alto e esguio

Um condômino, bambo, sonolento a andar a esmo

Então aliviada sorrio

De repente aquela figura exótica

Me segurou nos seus braços fortes

Me beijou sofregadamente

Rodopiou meu corpo trêmulo

Falou-me palavras ternas e picantes

E quase me possuiu alí, naquele instante

Ante aos olhos esbugalhados do porteiro

Que ofegante murmurava baixinho

É o morador do 301, ele é sonambulo

Minha senhora, deixe-o sozinho.

E eu que estava gostando...

Saí correndo, lamentando

Ora! Tudo não passou de um sonho

Melhor dormir e sonhar com os anjos

Fabricados pela minha fértil imaginação.

UFA! Que noite!