INTRÉPIDO QUERER
Nem no mais ébrio instante,
Na mais profunda letargia,
Nos devaneios da minha mente,
Sonhei em tê-la um dia.
A estudiosa e meiga menina,
Lembro-me em sua tenra idade,
Bem diferente daquela pequenina,
Hoje, uma reluzente beldade.
Mesmo inebriado pela tua formosura,
Mantive-me longe e relutei,
Contra aquele querer, aquela fissura,
O desejo foi mais forte e aceitei.
Querer ter você nem se quer ousei,
Ser o teu amor, tua atenção,
Intangível, Inacessível, sempre pensei,
E fui surpreendido pelo teu coração!
E num momento bem distinto,
Um sentimento nos consome,
Intrépido desejo, ardiloso instinto,
Feito dor, sede e fome.
Hoje o meu corpo precisa do seu,
Essa paixão me fez louco,
Um desejo que ninguém antes conheceu,
Toda vida juntos ainda seria pouco.
Como fugir de um amor recíproco,
De uma vontade sem limites,
De um sentimento unívoco,
De infinitos e imensuráveis deleites!
Como tanta vontade esconder,
Fingindo não amar e vivendo absorto,
Pensando cada segundo em você,
No mais lindo riso e nas curvas do teu corpo.
Ó mulher linda, só há uma forma da gente não se amar,
É esquecendo teu cheiro, não vendo tua sensualidade,
É ficando sem memória, nunca ter nascido,
Pois até morrendo por ti sentirei vontade!
[Ivan Lopes, 2008]