O BEIJO

Ó lábios atrevidos!

Negam o cálice, as uvas dos vinhedos...

Clamam juras de amores tredos

E beijam com a gelidez dos bustos despidos!

Alba! Permita que me resguarde

Há na noite uma doce melancolia...

Se já não tarda o raiar do dia

Tomo a paixão, sufoco o alarde!

Elevo os meus olhos pra além do mundo!

Rasgo os escritos! Por teus flancos fecundos,

Bebe o ébrio que sonha a cada gole...

Daí-me, apesar de tão além de mim...

Num destes alvores, céu de carmim,

O ósculo!

Mesmo que Afrodite, em ira, a meu coração imole!

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Observação

1 - “gelidez dos bustos despidos” - No texto, se refere ao frio marmóreo das esculturas das deusas

2 - “Alba” - Se refere ao amanhecer

André da Costa
Enviado por André da Costa em 16/06/2024
Reeditado em 16/06/2024
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