ALUCINAÇÃO
Por estar, ainda, sem poder escrever por causa da cirurgia de catarata que fiz no dia 12,06 deixo, para o meu pai que estaria de aniversário hoje, este velho texto que fiz, quando ele partiu.
Este texto foi feito para o meu pai , o velho Napoleão Machado, que partiu da vida num fim de tarde, fumando um cigarro e deixando cheio e intocável um copo de caipirinha, daquelas que só ele sabia fazer..!
Foi de repente...... Legou como, única, herança uma saudade imensa no coração dos seus filhos e de seus amigos.
A mim, então, deixou uma cicatriz profunda no meu coração e lições enormes de bondade, de amizade, de simplicidade, de humildade e acima de tudo de aceitação da felicidade e da tristeza, como as duas faces de uma mesma moeda...!
Me deixou, também, muitos ensinamentos transmitidos em longos silêncios.....!
Com estas palavras e este poema homenageio-o pois ele no dizer de José Hernandes era : “ Un padre que da consejos, mas de que um padre és un amigo...”
ALUCINAÇÃO
Às vezes,
Fico a olhar velhas cabeças
Que de tão brancas me parecem alvas.
Que se perdem,
Pelas ruas,
Entres as pessoas...!
Me invade, então,
Uma ilusão e um sonho:
Louca ilusão, acalantado sonho....
Como loucas são todas as ilusões
E como, acalantados são, os sonhos todos,
de que uma destas cabeça
Que por tão brancas me parecem alvas
Se volte para mim,
E que sejas tu, velho paisano,
E que num sorriso, mesmo que fugaz...
E que numa palavra mesmo, que única..
Me respondas, finalmente,
Por que partistes assim, tão de repente,
Sem me dar a tua benção, derradeira,
E sem, ao menos, me apertar as mãos.!
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