Expectativa
Não quero muito do amor,
Nenhuma nota de música,
Nenhum erudito trovador
Que ressalte e me assalte
Com versos perfeitos e singelos...
Nada disso, não quero muito,
Não quero nada, só o que caiba
Num espaço determinado
Entre nós dois.
Nas nossas palavras, tão exatas
Sinceras, picantes, erradas e sensatas
Diante do real e incerto, do desconhecido e secreto, no mistério
E do sorriso sério.
O tempo já se esgotou para querer muito.
O que quero é, se possível, o suficiente.
Não é preciso encher o recipiente
Tampouco querer um chá bem quente.
Não quero muito do amor, não.
Só recostar em você a cabeça,
Poder fechar os olhos sorrindo
e segurar sua mão.
Oferecer meu sorriso
ou minha tristeza
mas a verdade sempre à mesa
como princípio da certeza.
Só quero um amor qualquer
que exista num cantinho
Simples assim...
E aliviar a tristeza que habita em mim.