CINZAS ARDIDAS
Dizer adeus,
Abdicar simplesmente,
Não é simples, é ardido sim.
Construí sonhos,
Planejei longos caminhos,
Para caminharmos juntos, sempre.
A paixão era labareda,
Ditava o futuro, queimava dúvidas,
A convicção norteava todos os sentidos.
E o tempo atenuou a chama,
Os dias consumiam a cumplicidade,
A individualidade voltava a ter voz e vez.
Noites a pensar,
Repensar, recomeçar, corrigir,
Rebuscando as emoções de outrora.
Tudo em vão, só vazio,
Solidão mesmo acompanhado,
Que pensava nunca mais sentir tamanho amargor.
Chega novo momento,
Da fogueira da paixão de antes,
Só as cinzas quietas e pálidas sobram,
Enquanto a vida pulsa,
Enquanto o tempo segue apressado,
E novos sonhos vão se compondo feito poema.
Adeus, não só a paixão já quieta,
E também dói, arde, abandonar os sonhos,
Repensar o recomeço, eis que a vida vibra,
Exigindo outras estações.