Vozes de Águas
Ouço do riacho, da trilha, do regato, a voz suave deste amor
Como quedas em pedras, e borbulhas que entoam a beleza de ti.
Nas águas, muitas, lagoas, igarapés, no corpo teu, toda fonte, deste amor.
Deslizo como gotas e grutas, como gole sedento, grotão de escuro e fome.
Sou gotas de corrente, lágrimas de pássaros feridos, o caudaloso que arrasta.
Sê minha, oh, funda e turva mina, sedenta garganta, seca de desejo, sedento do orvalho teu.
Pedra molhada, seca no inverno, um frio de solidão, oh, verão, vem chover me.
Enchentes que afogam a poeira, o riacho, a ribanceira, o forte e fraco metido, o pobre, o rico rompido.
És minha, deslizar das águas rasas, da areia espraiada que me tocas, do lambuzar e poça toda escorrida, sob lamas e desejos.
João Francisco da Cruz