Ilusões do Amor
Deslizou a areia da ampulheta, tão discreta, e o teu sorriso se esvaiu, nem percebi.
Uma noite apenas, perdi me em ti, nos beijos, nos toques de fada, nas curvas tuas, adormeci.
Era uma manhã, e o sol brilhou entre as montanhas, acreditei num amor infinito.
Bebi, sorvi em demasia o gosto e néctar, de uma amor inacabável, um mero tolo.
Não percebi que a tarde era próxima, que os sóis se cansam e dormem.
A noite chegou e eu estava embriagado de paixão.
Meus olhos estavam cegos, meus ouvidos evitavam o sussurro do mundo.
Era um sonho ou um céu, uma deusa de fogo, uma dádiva ou prisão, era tudo o que eu queria.
Todavia, as águas também amam em cascatas, quedas e pedras, brotam vidas, e no entanto, partem e morrem no mar.
E percebi, que homens sonham, que fadas existem, que os céus não são tão belos.
Que as flores choram, que os demônios amam.
Na farsa da vida, o amor é uma pintura de tinta rala.
Deslizou a areia da ampulheta...
João Francisco da Cruz