Só pra te Amar

Não serei mais que teu ar, na noite de fadiga, quente.

A água doce de garganta, que sedenta, a morte espanta, o refrigério da alma.

Na pedra dura que sou, serei a rocha do riacho, do teu banho, do cansaço, o teu travesseiro.

Um pouco estarei toda hora, tão perto, na noite escura, aurora do amanhecer.

Na graça de teu sorriso, na dor, que dói, tão precisas, o acalento e remédio.

O sapato que aquece, do chão de pedras que dói, que a alma, um tanto esmorece.

O gosto adoçado na boca, do amargo de morte e crua, do fel que fere o sorriso, o mel que tanto perdura.

Um pouco de amor serei, nas cinzas da cova profunda, na noite que abate e chora, na mãe que a filha, sepulta.

Um rio, um ribeiro de águas, um luar entre caminhos, um pouco de mim, serei, na solidão de teu ninho.

Um pouco de pássaro e mar, um monte de Sol de dormir, serei poesia pra ti, um canto pra ti, ninar.

Não serei mais do que precisas...

João Francisco da Cruz

Poeta 05/10/2023