AS CORTINAS FECHARAM
Quando as cortinas se fecharam,
silêncio profundo preencheu o salão,
um vazio ecoou na minha alma,
e a ilusão desfez-se em solidão.
Teus olhos, um retrato distante,
teu sorriso, memória desbotada,
sonhos doces, agora amargos,
poesias dispersas pela estrada.
Cada verso, cada rima,
ecos de um amor que se foi,
um palco vazio, sem esperança,
onde meu coração se desfaz em dois.
Na plateia, sozinho, eu fico,
visão borrada, lágrimas a escorrer,
as cortinas fecharam-se para sempre,
e com elas, o desejo de te ter.
Foi-se a ilusão, a fantasia,
o encanto dos sonhos de outrora,
restou-me apenas a poesia,
reflexo da dor que ainda aflora.
Assim, na sombra da saudade,
contemplo o fim desse ato,
as cortinas caem, a realidade surge,
e com ela, meu coração desolado.
Tião Neiva