AS ÁGUAS DO MEU RIO
AS ÁGUAS DO MEU RIO
Jorge Linhaça
As águas do rio que me banham
são lágrimas salgadas de saudade.
As luzes refletidas da cidade
minhas divagações acompanham.
Arco-íris refletem artificiais,
espalhando-se pelo espelho d'agua
como a querer colorir-me as mágoas
de um amor que ficou para trás.
Não ouço mais o som das flautas doces.
Nosso céu salpicado de estrelas
sob nuvens escuras turvou-se
mas as luzes , não podemos contê-las,
e se achamos que tudo acabou-se
pode o vento reacende-las.
Se sob as cinzas, arde a brasa em chamas,
ainda existe no peito o calor
mesmo que sejam brasas mais brandas
ainda queima a tocha do amor
mesmo quando a mágoa nos engana
e faz parecer murcha essa flor.