Descuido

Traduzia o tempo em pressa

para matar a fome

e saciar a sede,

para revelar-se inteiro

e já não fingir a ausência

do amor estampado no rosto

diante do espelho.

Chegada a hora de esgotar

os argumentos todos

dos ponteiros do relógio

para sentir-se, enfim, liberto,

solto, todo o desejo.

Agora, o sonho

danou-se no Mundo,

matou aula

e foi ver o mar...

Exilou-se na rua.

se fez boêmio:

embriagou-se

cantou

fez poesia

olhou a lua

e julgou-a bem vadia,

mas deixou-se enamorar.

Luciana Cavalcanti
Enviado por Luciana Cavalcanti em 22/05/2024
Reeditado em 22/05/2024
Código do texto: T8069139
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