Quando me encontrei

Quando me encontrei

Enfim, estive livre

E tão rápido me libertei

Quando realizei

Que tinha lágrimas até o pescoço

Me lembro vagamente

Pedir um desejo aquele poço

Só não tinha na minha mente

Qu'eu era a moeda e o troco

A troca foi um sucesso e

Me joguei no fundo do fosso

E o qu'eu pedi eu perdi, desenhado como esboço

Era sempre tão escuro, um vazio cheio de nada

Pra fugir da sensação, adormecia e sonhava

Sonhos de dor e de amor, fantasia até de fada

E no ápice do amor, o Sol vinha e me acordava

Chorava e lembrava da tal história imaginária

Qu'eu era Odisseu, minha vida era lendária

E que no alto do castelo, Penélope esperava solitária

Ela, sempre charmosa de espírito e de vista

E eu, de Odisseu, me toranava Dick Vigarista

De "o mais aguaradado" pra apenas "mais um da lista"

E foi assim que o poço, de pouco em pouco eu enchi

Até que ocorreu, ter lágrimas até o pescoço

E, foi quando percebi

Que havia ali, no fundo do poço, o reflexo de um bom moço

Foi quando me encontrei, e tão rápido me libertei

Enfim, novamente me amei e ressignifiquei

A minha própria Odisseia

Enfim, estive livre não do amor, mas da miséria

Enfim, me vi rei, protagonista de uma grande jornada

Não mais no abismo escuro, envolto de tanto nada

Não mais em forma de sonho trilhava minha caminhada

E o pedido que fiz ao poço, lentamente eu me lembrava

Queria ser o proposto filho que minha mãe tanto sonhava

Queria ser o bom rosto qua a Penélope tanto almejava

Queria tomar o posto que tanto aspirava

IGOR GOMES DIAS BORGES
Enviado por IGOR GOMES DIAS BORGES em 19/05/2024
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