Quando me encontrei
Quando me encontrei
Enfim, estive livre
E tão rápido me libertei
Quando realizei
Que tinha lágrimas até o pescoço
Me lembro vagamente
Pedir um desejo aquele poço
Só não tinha na minha mente
Qu'eu era a moeda e o troco
A troca foi um sucesso e
Me joguei no fundo do fosso
E o qu'eu pedi eu perdi, desenhado como esboço
Era sempre tão escuro, um vazio cheio de nada
Pra fugir da sensação, adormecia e sonhava
Sonhos de dor e de amor, fantasia até de fada
E no ápice do amor, o Sol vinha e me acordava
Chorava e lembrava da tal história imaginária
Qu'eu era Odisseu, minha vida era lendária
E que no alto do castelo, Penélope esperava solitária
Ela, sempre charmosa de espírito e de vista
E eu, de Odisseu, me toranava Dick Vigarista
De "o mais aguaradado" pra apenas "mais um da lista"
E foi assim que o poço, de pouco em pouco eu enchi
Até que ocorreu, ter lágrimas até o pescoço
E, foi quando percebi
Que havia ali, no fundo do poço, o reflexo de um bom moço
Foi quando me encontrei, e tão rápido me libertei
Enfim, novamente me amei e ressignifiquei
A minha própria Odisseia
Enfim, estive livre não do amor, mas da miséria
Enfim, me vi rei, protagonista de uma grande jornada
Não mais no abismo escuro, envolto de tanto nada
Não mais em forma de sonho trilhava minha caminhada
E o pedido que fiz ao poço, lentamente eu me lembrava
Queria ser o proposto filho que minha mãe tanto sonhava
Queria ser o bom rosto qua a Penélope tanto almejava
Queria tomar o posto que tanto aspirava